quinta-feira, 18 de junho de 2015

Senadores têm ônibus cercado e decidem voltar ao país

Sem conseguir avançar, ônibus volta ao aeroporto e encontra terminal fechado; presidente do Senado critica Itamaraty

CARACAS — Depois de muita expectativa, a missão com senadores brasileiros chegou a Caracas, mas enfrentou adversidades e não conseguiu chegar à prisão onde estão políticos de oposição presos. A comitiva contou ter passado por momentos de pânico logo depois de desembarcar, e decidiu voltar ao país no início da noite, embarcando antes das 20h. O episódio motivou forte repúdio por parte do presidente da casa, Renan Calheiros.

Já em um ônibus, a cerca de um quilômetro do aeroporto, o veículo ficou parado no trânsito e um grupo de cerca de 50 manifestantes começou a bater na lataria e gritar. Diante da hostilidade, o ônibus retornou ao aeroporto e encontrou o terminal fechado.
— Fora, fora. Chávez não morreu, se multiplicou – gritavam os manifestantes diante do ônibus.
Três batedores acompanham a comitiva, mas nada fizeram segundo os brasileiros. No veículo estavam os senadores e as mulheres dos políticos.
"Não conseguimos sair do aeroporto. Sitiaram o nosso ônibus, bateram, tentaram quebrá-lo. Estou tentando contato com o presidente Renan (Calheiros, do Senado)", declarou no Twitter o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO).




No Twitter, o senador Aloysio Nunes explicou que houve um acidente, e por isso o trânsito ficou parado. Depois de ficarem sem conseguir avançar por cerca de 30 minutos, a comitiva decidiu voltar ao aeroporto. Nunes admitiu voltar ao Brasil. Os senadores também afirmaram que o terminal aeroviário chegou a ser fechado.

— Está claríssimo que nos colocaram numa arapuca. Liberaram o pouco do avião mas trancaram o aeroporto — disse o senador Agripino Maia.
Em nota, a liderança nacional do PSDB classificou como "gravíssimas as agressões sofridas" e exigiu manifestação de repúdio "imediata e contundente" por parte do Itamaraty. Mais tarde, Aloysio declarou: "Impedidos de cumprir missão na Venezuela, senadores, decidimos voltar ao Brasil.". Aécio confirmou a saída.

Em um tweet, o líder opositor Henrique Capriles considerou "uma vergonha mandar trancar a via onde passava a delegação".
Em coletiva, Aécio criticou o governo Dilma por não ser severo com os abusos no país.
— Acredito que, se (barrar um encontro de oposições) foi a intenção, fez da pior forma possível. Hoje inúmeros países já se manifestam em solidariedade a essa nossa visita. Nós viemos em missão de paz, não viemos destituir governos. Nós viemos exigir democracia. E quando se fala em democracia, e quando se fala em liberdade, em direitos humanos, não há que se respeitar fronteiras. O Brasil viveu as trevas da ditadura e foram importantes manifestações de países democratas e de lideranças democratas que ajudou que aquele ciclo se encerrasse. E o que é mais alarmante é que o Brasil é hoje governado por uma ex-presa política, que não demonstra a menor solidariedade e a menor sensibilidade com o que vem acontecendo hoje com irmãos seus de luta no passado. São pessoas que hoje lutam apenas pela democracia na Venezuela estão tendo seus direitos mínimos de liberdade cerceados por um governo autoritário.

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